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O técnico do Grêmio, Renato Gaúcho, sugeriu alterações temporárias nas regras do Brasileirão para eliminar o rebaixamento nesta temporada, em decorrência da tragédia que assola o Rio Grande do Sul.
Argumentando que a medida evitaria prejuízos aos clubes gaúchos sem causar injustiças aos demais times da Série A.
Renato fez a proposta ao ser questionado sobre sua posição em relação a uma possível iniciativa da CBF para evitar o rebaixamento dos clubes gaúchos neste Brasileirão.
"Eu não sou nem contra nem a favor (da proteção ao Grêmio, Internacional e Juventude), porque entendo que outros clubes da segunda divisão estão lutando para subir. Mas cabe à CBF encontrar uma solução. Então, que subam os quatro da Série B e nenhum time seja rebaixado", disse o treinador ao canal SporTV.
O técnico ressaltou que os danos aos clubes gaúchos podem se prolongar. "Durante a pandemia, vimos o quanto sofremos. É uma situação muito difícil, na qual os clubes gaúchos ficarão muito atrás em termos físicos, de ritmo de jogo e psicológicos.
"Muitos pensam que as águas do Guaíba vão baixar e tudo voltará ao normal. Acredito que muitas coisas, infelizmente, continuarão acontecendo. E a parte psicológica dos jogadores será afetada."
Renato reiterou seu apoio à interrupção do campeonato, sem determinar um prazo específico. "Eu sou 101% a favor da paralisação do campeonato. Entendo a questão financeira de alguns clubes, mas o que é mais importante: a questão financeira ou as vidas humanas? Estou alertando agora porque muitas vezes vejo as coisas acontecendo no futuro. A fatura para Grêmio, Internacional e Juventude chegará depois."
Na visão do técnico, essa "fatura" será cobrada tanto pela futura sequência exaustiva de jogos que os clubes gaúchos enfrentarão quanto pelo desgaste psicológico enfrentado pelos atletas desde o início das chuvas que provocaram as enchentes no Rio Grande do Sul.
"O Grêmio ficará um mês sem jogar e voltará diretamente para enfrentar praticamente uma final de Libertadores (contra o The Strongest). Três dias depois, haverá um jogo pelo Brasileirão, em Curitiba ou no Rio, no sábado à noite. No domingo, viajará para o Chile para outra final de Libertadores. E assim por diante. Como se faz nessa situação? Desgaste físico, psicológico, enquanto os adversários estão jogando e mantendo o ritmo. Estamos em uma espécie de mini pré-temporada, mas os jogadores dos adversários estão em boa forma física e jogando", ponderou.
Quanto ao aspecto psicológico, Renato Gaúcho destacou a insegurança dos jogadores em relação à retomada da rotina no Rio Grande do Sul e à distância de seus familiares e amigos.
"Quando saí do hotel, encontrei quatro ou cinco jogadores e me surpreendi com o que eles me disseram sobre suas famílias.
Praticamente todos partiram de carro, para Santa Catarina, Rio de Janeiro, Argentina, Paraguai. Todos fugiram da cidade. Estavam todos assustados.
Agora estão mais calmos, mas certamente terei que trabalhar muito a parte psicológica deles. Eles me perguntam constantemente quando poderão ver suas famílias.
Estão muito preocupados com amigos e familiares."